Quem tem o privilégio de conhecer as delícias da comida nordestina se apaixona, não tem jeito. As opções são bem diversas: caldo de sururu, bolo de rolo, cuscuz, buchada de bode, acarajé, paçoca de carne-de-sol… são muitas opções para cativar seu paladar!
Vem com a gente fazer um tour pela cozinha típica do Nordeste, conhecendo os carros-chefe da culinária nordestina, para entender de vez como as influências culturais variadas e a resiliência sertaneja moldaram uma das cozinhas mais inventivas e saborosas do Brasil.
Mas antes de começar nossa viagem, vale a pena aprofundar um pouquinho nas origens e nas influências históricas dos pratos típicos do Nordeste, já que sua culinária carrega as três principais heranças da formação do Brasil: a africana, a indígena e a portuguesa.
Quais são as raízes das comidas típicas do Nordeste?
A cozinha nordestina, como toda comida típica do Brasil, carrega os traços das culturas que formaram o país durante a colonização, sendo que em cada estado geralmente uma se sobressai às outras, tanto na presença de ingredientes específicos quanto nos métodos de preparo.
A influência africana, principalmente na Bahia, se faz presente nos temperos e pimentas, no uso do azeite de dendê, do quiabo, do leite de coco e do gengibre. Já a herança europeia é notada nos doces típicos da elaborada confeitaria dos conventos portugueses.
A marca das etnias indígenas, inconfundível na maioria dos estados e em especial no Ceará, está nas várias formas de manejo do milho e da mandioca, ingredientes que permitem a extração de caldos, farinhas e amido, além do consumo de peixes e crustáceos do mangue e do mar.
A história da culinária nordestina também é marcada pelas viagens de exploração do início da colonização, bem visível no gosto brasileiro pela carne-seca e pela carne-de-sol, cujas técnicas para conservar alimentos se moldaram pelo clima e pela necessidade nas viagens.
Inclusive, o conceito “comida de contingência” se aplica bem à culinária nordestina pela versatilidade e criatividade para ganhar tempo e driblar a escassez de recursos do estilo de vida itinerante, sem deixar de apresentar pratos com muito sabor e alto valor nutricional.
Faz sentido, certo? Podemos seguir nossa viagem, então, para ver na prática o resultado dessa construção tão criativa e plural!
Conheça 9 comidas típicas da região nordeste, uma para cada estado!
Pronto! Chegou a hora tão aguardada. Vamos começar? São nove pratos típicos especiais e deliciosos, mais uma receita super prática no final. Bom apetite!
1. Alagoas: sururu ao coco
Sururu é um tipo de molusco bem parecido com o mexilhão, que é muito comum na região. Ele possui uma carne muito nutritiva, rica em proteínas, gordura e minerais.
No caldo típico alagoano, o prato é feito com tomate e pimentão, além de limão, pimenta, cheiro-verde e sal, tudo dourado em azeite de dendê. O leite de coco vai no final, formando um caldo super cremoso e cheio de sabor.
2. Bahia: acarajé
O acarajé é a marca registrada da cozinha baiana e uma das maiores heranças gastronômicas da influência africana no estado. A massa do bolinho é feita com cebola e feijão-fradinho e frita em azeite de dendê.
Na África ocidental, o bolinho é servido com pimenta em pó ou molho de tomate picante, mas na Bahia ele vai bem com pimenta, camarão seco, caruru e vatapá. Também é comum encontrar o acarajé servido com vinagrete de acompanhamento.
3. Ceará: buchada de bode
Também conhecido como sarapatel, esse prato de raízes portuguesas é muito saboroso e nutritivo, mas polêmico, tanto pelos ingredientes quanto pelo preparo.
A receita leva vísceras de bode (rins, fígado e intestinos) que são lavadas e fervidas por segurança, sendo depois temperadas e cozidas em pequenas bolsas feitas do próprio estômago do bichinho.
Pelos estados nordestinos, você pode encontrar o prato feito com as vísceras de outros animais, como o boi ou o carneiro, mas se diz que a buchada tradicional é a de bode, feita apenas com os intestinos e as partes do estômago que não viraram as tais bolsas.
4. Maranhão: arroz de cuxá
Cuxá vem do tupi e quer dizer “o que conserva azedo”. O molho típico do Maranhão tem claras influências indígenas e leva farinha de mandioca seca, camarão, gergelim, pimenta-de-cheiro e vinagreira.
A vinagreira é uma folha verdinha e azeda que serve de tempero, além de ser uma excelente fonte de ferro, e que dá ao prato o sabor e a cor esverdeada característica do arroz de cuxá.
5. Paraíba: cuscuz
Presença garantida nas mesas de café da manhã e da tarde em todos os estados do Nordeste, o cuscuz é feito com farinha ou fubá de milho, cozido na cuscuzeira com leite ou leite de coco.
Depois de pronto, é adicionada manteiga por cima, que vai derreter com o calor e deixar o cuscuz ainda mais cremoso. Também pode ser servido com queijo coalho e carne-de-sol e finalizado com cheiro-verde ou coentro. Uma delícia em todas as formas!
6. Pernambuco: bolo de rolo
Para adoçar a vida, que tal mais um prato de origem portuguesa?
O bolo de rolo tradicional é feito com a massa bem fininha e leva recheio de goiabada derretida, mas também se encontram versões mais modernas com recheio de doce de leite ou chocolate.
Ele leva esse nome porque, depois de recheado, é enrolado e consumido em fatias.
7. Piauí: paçoca de carne-de-sol
Esse prato piauiense leva farinha de mandioca, carne-de-sol “pisada” no pilão de madeira, banana e coentro. Ele é perfeito para acompanhar outros pratos nordestinos típicos como a buchada e o baião-de-dois.
Para completar o banquete, não esqueça da cajuína, a bebida que é símbolo cultural da capital, Teresina!
8. Rio Grande do Norte: ginga com tapioca
A ginga (ou manjubinha) é um peixinho pequeno que é espetado num palito, envolvido em fubá e frito em azeite de dendê. Tradicionalmente, o “espetinho” é usado para rechear a tapioca, mas versões mais modernas levam outros recheios acompanhando o peixe.
Relatos locais dizem que a ginga era encontrada presa nas redes dos pescadores e descartada pelo pequeno tamanho, até que alguém teve a ideia de usar o peixe como recheio de tapioca e a ideia foi um sucesso.
No Mercado Público da Redinha e na praia da Redinha, em Natal, é muito comum encontrar essa iguaria, que é considerada Patrimônio Imaterial da capital desde 2016 e Patrimônio Cultural do estado desde 2018.
9. Sergipe: caranguejada
Abundante nos mangues nordestinos, em especial no Sergipe, o caranguejo virou um prato típico delicioso. A caranguejada leva azeite de dendê e vem banhada em um molho à base de tomate ou de leite de coco.
Em restaurantes locais, é comum servir o prato acompanhado de um martelinho, ideal para quebrar a casca do caranguejo e mergulhá-lo no molho.
A cozinha típica nordestina está espalhada por todo o Brasil, então, fica muito fácil encontrar um desses pratos na sua plataforma de delivery predileta ou num restaurante pertinho de você. E aí, qual dessas delícias você vai pedir hoje?
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